por Rubinho Pirola
Há algo que anda profundamente errado no nosso meio. Já fomos conhecidos como o Povo do Livro, denominação esta já ofuscada pelos “apêndices” que pastores e igrejas insistem em agregar ao Evangelho de Jesus Cristo, segundo defende brilhantemente Renato Vargens, autor da obra ”A suficiência de Cristo na Evangelização”, um brilhante defensor das Escrituras Sagradas, sendo porta-voz de uma pregação que é tão Cristocêntrica quanto desprezada no nosso Brasil e também, como vejo há décadas, cá na Europa, onde sirvo.
A começar por Paulo e sua viagem por Éfeso, o pastor Vargens descreve com maestria o ambiente encontrado pelo apóstolo e sua insistente valorização e confiança do poder que apenas o Senhor Jesus e a Sua Santa Palavra têm na transformação da raça e da cultura à sua volta. Mas a obra não para por aí e traz os “ingredientes”, segundo o autor, que tanto atraem pastores no afã de fazerem crescer em número as suas comunidades: o entretenimento, a sedução do coaching, o misticismo, as artes desprovidas de conteúdo, dentre outros, e o desprezo à pregação e o discipulado sério e bíblico onde Cristo não é valorizado.
É uma pena, pois, especialmente hoje, andando por terras como a Europa, ou a América – de onde recebemos a Palavra que nos alcançou e transformou – vemos uma estagnação e um retrocesso que nos tira a alegria. Igrejas onde o fogo do Evangelho ardeu, alcançou e incendiou sociedades inteiras, agonizam feito um doente terminal à espera da morte. Igrejas convertidas em lojas, centros comerciais e até boates.
E a razão? Simples. Ela encontra-se nas páginas deste livro, magistralmente escrito por um dos mais combativos pastores e autores da atualidade, que insiste em andar na contramão dos modismos e tentações do nosso tempo. Certamente por isso é reconhecido como mais um dos pastores tidos por “ranzinzas”, justamente por insistir em alertar a nossa amada igreja brasileira que, infelizmente, caminha para a sina traçada há décadas pelas igrejas do Velho Mundo.
Sim, nós, Igreja Brasileira, antes potência emergente na obra missionária, muito brevemente, se não nos humilharmos em oração e buscarmos a face do Senhor, não seremos perdoados, tampouco a nossa terra será sarada, conforme lemos em 2 Crônicas 7:14. E a humilhação e a oração, como devem ser, e a face do Senhor, definitivamente não são algo que os nossos recursos e “toda sorte de agitações e invencionices” conseguem produzir, e que apenas nos fazem andar por maus caminhos.
Quem tem ouvidos – ou no caso – olhos para ler, que leia!
Rubinho Pirola é pastor e missionário, diretor da Rádio Transmundial de
Portugal e do projeto Foolishlife Academy